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A nebulosa do (auto)biográfico
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autora: Eurídice Figueiredo
sinopse: A reunião destes textos que têm por mote as tão debatidas “escritas de si” evidencia o longo fôlego das pesquisas que Eurídice Figueiredo tem levado a cabo sobre este tema pulsante e irrequieto. Pulsante porque, por um lado, mobiliza o leitor em razão da identificação gerada pela presença de elementos biográficos ou supostamente biográficos nas narrativas; por outro lado, o tema é irrequieto pois sua teorização está em constante movimento, agregando definições e delimitações do campo que se complementam, sobrepõem e, não raro, também se opõem. A nebulosa presente no título do livro aparece nominalmente no artigo teórico que dá o tom para os demais, “A autoficção e o romance contemporâneo”: tal como uma nuvem de poeira cósmica, as definições sobre as modalidades e implicações do “gesto (auto)biográfico”, para empregarmos a expressão da autora, são difusas e difíceis de apreender. Também como uma nebulosa funciona este livro, ao colocar lado a lado textos sobre autores consagrados como Roland Barthes, Patrick Modiano, W. G. Sebald, Albert Camus e Jorge Amado, bem como alentado corpus de literatura brasileira contemporânea. Abandonando o paradigma que atrelava a escrita literária a seu referente por mimese, deformação ou oposição, a autoficção redefine o romance contemporâneo por meio da relação entre a escrita, o autor e o leitor. Tal deslocamento, no entanto, é problemático, uma vez que relega ao leitor e a suas informações sobre a vida vivida do autor a leitura de sua vida escrita como ficção ou relato de uma realidade. No limite, vemos, neste momento, na definição de autoficção, a substituição de um parâmetro bem estabelecido, assentado, fixo, como os fatos reais, ou que passam por reais, que ancoram o referente, por um parâmetro móvel, relativo, disperso, que é o leitor e sua bagagem de conhecimentos prévios sobre o autor e sua obra. Esse espaço aerado em que o transitório impera é a nebulosa de baixa visibilidade em que muitas das obras das literaturas francesa e brasileira contemporâneas gravitam sem órbita definida. Cada texto de Eurídice Figueiredo funciona, nesta nebulosa, como uma estrela a iluminar questões específicas às obras analisadas, envolvendo sempre a relação entre a escrita e aquele que escreve, “sujeito descentrado, disperso, esvaziado, porém que insiste em sua individualidade”.
Texto de Laura Brandini
sobre a autora: Eurídice Figueiredo é doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988), atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura na Universidade Federal Fluminense (UFF). Publicou Por uma crítica feminista: leituras transversais de escritoras brasileiras (Zouk, 2020), A literatura como arquivo da ditadura brasileira (7letras, 2017), Mulheres ao espelho: autobiografia, ficção e autoficção (EdUERJ, 2013), Representações de etnicidade: perspectivas interamericanas de literatura e cultura (7Letras, 2010), Construção de identidades pós-coloniais na literatura antilhana (EdUFF, 1998), além de artigos em obras coletivas e revistas nacionais e internacionais. Organizou vários livros e números de revistas. É pesquisadora 1B do CNPq.
euridicefig@gmail.com
DADOS DO PRODUTO
título: A nebulosa do (auto)biográfico: vidas vividas, vidas escritas
autora: Eurídice Figueiredo
isbn: 9786557780626
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 16 x 23
páginas: 356
ano de edição: 2022
edição: 1ª
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