Democracia como emancipação: olhares contra-hegemônicos

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Autores: Luis Felipe Miguel e Gabriel Eduardo Vitullo
 
Sinopse: Mal terminaram de comemorar o “fim da história”, com a vitória ocidental na Guerra Fria, os estudiosos da política se depararam com um novo fenômeno: a crise da democracia. Incapazes de resistir à pressão dos mercados financeiros, os Estados agem contra a maioria da população. Medidas redistributivas sofrem um veto, golpes de variados tipos retiram do poder governantes indesejados e as eleições consagraram líderes autoritários, dispostos a destruir por dentro a democracia – dos quais Jair Bolsonaro, no Brasil, é exemplo extremo.
Neste livro, os cientistas políticos Luis Felipe Miguel e Gabriel Eduardo Vitullo apontam que a democracia se torna vulnerável à crise na medida em que se vê constrangida a negar o projeto emancipatório que lhe dá vida. Recusando tanto a visão liberal vulgar, que apresenta a democracia como um conjunto neutro de “regras do jogo”, quanto a leitura redutora de parte da esquerda, que nela não vê mais do que um artificio da dominação burguesa, os autores indicam que ela é fruto da luta dos dominados – e que, portanto, o caminho para superação da crise atual não é uma acomodação medrosa com os vetos dos privilegiados e sim uma luta contínua por igualdade efetiva e autonomia para todas e todos.
Escritos alguns em coautoria, outros individualmente, os capítulos que compõem o volume tratam da história da democracia, dos desafios do presente e também de seu futuro. Afinal, a pandemia global da Covid-19 coloca para a humanidade novos desafios, entre eles como produzir a coordenação coletiva em situação de risco generalizado, de uma maneira que seja racional, sem ser autoritária. No momento em que a extrema-direita se apropria da bandeira da “liberdade” para boicotar as medidas de saúde pública e em que a prometida “consciência global” que a ameaça comum geraria é relegada por governos e corporações à retórica vazia, há chance de sonhar com uma resposta mais democrática?
O volume inclui ainda a tradução de dois importantes textos, até aqui inéditos em português, de Antoni Domènech e Florence Gauthier, sobre o surgimento do projeto democrático nas revoluções europeias do século XVIII.
 
Sobre os autores: Gabriel Eduardo Vitullo (Buenos Aires, 1971) é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Autor, entre outros, dos livros Teorias da democratização e democracia na Argentina contemporânea (Sulina, 2007), As outras teorias da democracia (Editora UFRN, 2012), Liberalismo contra democracia (Luxemburg, 2014, em co-autoria) e Os antifederalistas: o outro lado do debate constitucional estadunidense (Editora UnB, 2020, em co-autoria).
Luis Felipe Miguel (Rio de Janeiro, 1967) é professor da Universidade de Brasília, onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê), e pesquisador do CNPq. Autor, entre outros, dos livros Democracia e representação: territórios em disputa (Editora Unesp, 2014), Dominação e resistência: desafios para uma política emancipatória (Boitempo, 2018) e O colapso da democracia no Brasil: da Constituição ao golpe de 2018 (Expressão Popular, 2019). 

224 páginas - 16x23 - 978-65-5778-047-3